Livro Impresso ou Livro Digital (eBook)?

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Com o avanço da tecnologia e das telas dos smartphones, tablets e e-readers, os ebooks vêm ganhando espaço dia após dia. Sendo assim, já era de se esperar que as discussões sobre o tema avançassem na mesma proporção.

“O livro impresso deixará de existir!”, profetizam alguns. Ou, “Os livros digitais não prestam!”, dizem outros.

Quem está com a razão? Existe motivo para essa discussão?

Nessa postagem, vou dar a minha opinião sobre o assunto. A opinião de alguém que lê e gosta das duas plataformas.

O Início

O ano é 2007. E enquanto Steve Jobs lançava o primeiro iPhone, eu estava acessando o Mercado Livre em busca de um smartphone, que também havia sido lançado há pouco tempo, o Eten Glofiish M700 com tela de 2,8 polegadas.



Após algumas negociações, uns dias de espera e, claro, o pagamento, lá estava aquele pacotinho tão querido e aguardado na mesa da minha cozinha.

Apesar do ebook já existir há bastante tempo, até então, eu fazia parte da turma do “Livro digital não presta!”, mas mal sabia que a minha opinião estava prestes a mudar.

Alguns meses depois, já mais acostumado com o aparelho, fiquei sabendo através de um amigo, que existia um aplicativo capaz de transformar qualquer site em formato “pdf”, para que eu pudesse ler off-line. Uau! Uma verdadeira revolução!

Em pouco tempo eu já havia transformado metade do conteúdo da internet em “pdf” e tinha textos para me entreter até o final da vida.

Passei a ler matérias em todos os lugares e a qualquer momento. Na sala de espera dos médicos e dentistas, na fila da balsa (Santos-Guarujá), no ônibus, no metrô, enquanto a namorada (minha atual mulher, senão eu apanho) se arrumava, enfim, qualquer 5 minutos era tempo suficiente para ler algo.
Então, sem perceber, eu estava começando a aceitar a leitura digital como algo natural e muito conveniente.

O próximo passo foi adquirir meu primeiro ebook, mas mesmo assim eu ainda relutava. Eu não me sentia confortável para ler uma grande obra de ficção naquela telinha. Sendo assim, comecei com um livro de não-ficção, mas para ser sincero não lembro qual. Se não me engano, estava querendo aprender a mexer em algum software e só encontrei um livro daquela série “for dummies”, em inglês. Os ebooks na época eram bem mais raros, principalmente na nossa língua.

Bom, daí a começar a ler livros de ficção foi um pulo. E do meu primeiro ebook de ficção, eu lembro perfeitamente.

Sempre mantinha no carro um livro impresso, para qualquer emergência, e o título da vez era “O Iluminado, de Stephen King” (muito bom e recomendadíssimo).

O livro me prendeu de um jeito, que eu não queria parar de ler, mas ao mesmo tempo, não era para qualquer lado que eu poderia levá-lo. Era uma edição de bolso, só que bem grossa. Isso sem contar quando era pego de surpresa por alguma espera interminável, mas não podia voltar ao carro para buscá-lo. E de repente, me via só com a opção de sites em “pdf” ou do ebook “for dummies”. Aquilo não estava certo.

Cheguei em casa e, após muita procura, encontrei o ebook “O Iluminado” em português. Que alívio. Agora eu poderia lê-lo, com o mínimo possível de interrupções. E posso afirmar que a partir daí qualquer espera tornou-se mais suportável e inclusive, em alguns casos, não só agradável como almejada. É isso mesmo. Confesso que por muitas vezes eu quis que as pessoas se atrasassem um pouco mais ou minha espera fosse maior, só para que conseguisse chegar ao final do capítulo.
E foi assim, em uma tela de 2,8 polegadas, que eu passei a me acostumar com a leitura digital. 

Evolução

São várias as melhorias que ocorreram de lá para cá. Não só no tamanho das telas e na qualidade de imagem, como na quantidade de obras disponíveis. Algumas funcionalidades também foram e vêm sendo adicionadas aos aplicativos de leitura e e-readers.

Como exemplos de telas, podemos citar o iPad com 9,7 polegadas, o Kindle com 6 polegadas e o Samsung Galaxy Note 5 com 5,3 polegadas. Bem maiores do que aquelas míseras 2,8 polegadas do meu Glofiish. Lembrando que 1 polegada equivale a 2,54 centímetros. Bastante coisa para a tela de um aparelho portátil.

Além disso, com a melhoria de conexão com a internet e o número crescente de locais com wi-fi disponível, você pode se dar ao luxo de estar em uma viagem pela Malásia e resolver ler “Os Irmãos Karamázov” em russo, que não terá problemas. Você poderá adquirir o ebook e iniciar sua leitura em minutos, sem sair do hotel. Ou então, retomar a leitura de onde parou, de qualquer um dos cinco livros que está lendo simultaneamente. Tudo isso em um único, pequeno e leve aparelho.

E está aí uma grande vantagem do livro digital. Ou seja, digamos que você tenha iniciado uma leitura no seu iPad, deitado em sua cama, antes de dormir. No outro dia, você acorda e terá que enfrentar 40 minutos de metrô até chegar em seu trabalho. Pergunta: Você será obrigado a levar o iPad para continuar a leitura? Não. Você pode continuá-la em seu iPhone. Ou seja, em um aparelho que você já carrega em seu bolso, independentemente de qualquer coisa. O lugar onde você parou de ler será automaticamente salvo e quando você abrir o ebook em qualquer outro equipamento, já estará na última página que leu.

E já que começamos a falar das vantagens e desvantagens, vamos a elas.

O que cada um tem de bom?

Nesse ponto você já deve estar pensando: “Pô, esse cara só fala de livro digital! Com certeza é o que ele prefere.”

Calma. Não é nada disso. Como já disse, gosto dos dois e na mesma medida. Comecei falando mais sobre o livro digital, porque não se trata de algo tão comum e difundido em nossa cultura, quanto o livro impresso. Mas agora falaremos das vantagens e desvantagens de ambos.

Livro Impresso


1) Prateleira – Para quem gosta de livros, nada como ter uma prateleira cheia deles. Além da parte estética, você pode manuseá-los e acessá-los rapidamente. E caso tenha marcado, destacado ou queira reler algumas partes, pode fazer isso com facilidade e sem ter que acessar uma série de ícones ou atalhos. É só pegar e abrir.

2) Experiência – O cheiro e a sensação de pegar no livro e folheá-lo, são coisas que os e-readers ainda não podem reproduzir.
Além disso, o acesso a outras partes do livro, saber em que página está, quanto falta para acabar o capítulo ou o livro, são coisas que, na minha opinião, ainda são bem melhores no livro impresso.

3) Design Interno – Nesse ponto a diferença é grande. O livro impresso, em geral, tem em seu miolo a formatação e o design muito mais bem elaborados e bonitos do que o digital.

4) Autógrafos – Ter a assinatura do seu autor preferido em um livro impresso, é algo que o livro digital talvez nunca consiga reproduzir com a mesma força. Afinal, para que uma assinatura em um livro impresso aconteça, o escritor tem que estar presente (e vivo), pegar no livro e com sua caneta produzir uma marca única e eterna no papel. Já uma assinatura digital teria o mesmo peso de uma assinatura que já viesse impressa no livro físico. Ou seja, nenhuma. Além disso, uma noite de autógrafos não faria mais tanto sentido. Ela poderia acontecer pelo Hangouts ou Skype. 

5) Livraria – Além do prazer em si de entrar em uma livraria e estar rodeado de milhares de livros, você ainda pode abri-los, tocá-los e experimentá-los antes de comprar.

6) Bateria – O livro impresso dispensa bateria e nunca o deixará na mão porque você esqueceu de carregá-la.


Livro Digital


1) Praticidade – Boa parte de sua praticidade já foi explorada quando contei sobre minha experiência e introdução ao mundo dos ebooks. No entanto, talvez o que eu não tenha destacado é que em um e-reader você pode carregar centenas ou até milhares de livros. 
Mesmo assim, alguns podem perguntar “Mas para que eu quero carregar tudo isso?” Bem, só o fato de economizar o espaço de duzentos ou quinhentos livros na sua casa, poderia ser um bom motivo para tê-los em formato digital. Mas para dar um exemplo mais voltado à vantagem da mobilidade, digamos que você vá viajar por alguns dias e esteja terminando um livro. Você terá que levar o outro. Aquele que está na sequência. Agora imagine que você resolveu ler “As Crônicas de Gelo e Fogo, de George R.R. Martin”. Nesse caso, você terá duas opções, adicionar uma mala à sua bagagem ou deixar para lê-los quando voltar.

2) Conforto – Assim como a experiência em sentir o livro em suas mãos e folheá-lo pode ser boa, por outro lado, mantê-lo aberto na página correta, pode ser um luta. Principalmente, se está fazendo algo ao mesmo tempo, como tomando café e comendo um pão de queijo ou se resolveu ler em algum lugar que esteja ventando. Aí, provavelmente, você terá que enfrentar aquela folha teimosa que vira sozinha, ou pior, um bolo delas que resolvem virar ao mesmo tempo, fazendo com que você perca o ponto que estava lendo. 
Isso nunca acontece em um livro digital.

3) Iluminação – Para o livro impresso isso por muitas vezes pode ser um problema. A iluminação correta. Já os e-readers, em sua maioria, possuem luz própria e boa parte deles pode ser lida tanto no escuro do seu quarto, quanto no meio da rua com o sol batendo na tela. A qualidade da imagem é a mesma. Outra opção de iluminação é o modo noturno, onde o e-reader inverte as cores, deixando o texto branco e o fundo preto.

4) Tamanho da Fonte – Você pode aumentar ou diminuir e até mudar o tipo de fonte. Uma excelente opção para quem precisa de óculos para ler.

5) Agilidade – A facilidade da compra on-line serve para ambos. No entanto, a diferença na agilidade da entrega é gigantesca. Para o livro digital é imediata, já o livro impresso pode demorar vários dias ou inclusive ser cancelada por não ter mais em estoque e a edição estar esgotada na editora. (Isso já aconteceu comigo duas vezes.)

6) Dicionário – Vários e-readers e aplicativos disponibilizam um dicionário onde basta você colocar o dedo na palavra para que abra uma caixa de texto com o significado dela. Excelente não só para leitura em português, como em outras línguas.


Conclusão

A conclusão, ao meu ver, é simples. Não existe melhor ou pior. A questão aqui é de gosto mesmo. É como discutir qual o melhor vinho, a melhor banda ou se Star Wars é melhor do que Star Trek. O melhor é aquele que você mais gosta.

Não precisamos ser 100% livro impresso ou 100% digital. Podemos chegar a uma conta diferente e aproveitar o que cada um deles tem de melhor. Não acredito que a existência de um seja antagônica à existência do outro. Muito pelo contrário, eles podem e devem coexistir.



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